O gosto pelas
histórias da rádio
Em 10 de maio de 1897, o governo britânico certificou Marconi
para fazer a primeira transmissão rádio pelo Canal de Bristol. Da “invenção
revolucionária” aos meios de comunicação de massa, passando pelo “instrumento
de propaganda de guerra” afirma-se como sendo um meio de expressão pessoal.
Tudo isto implica o uso de tecnologia. O domínio da
linguagem envolve sempre o uso da técnica, mas, no caso dos meios de
comunicação, ela passou a Indústria e houve momentos em que mereceu a
denominação de artística. Porém, agora que a Internet se afirma gradativamente
como meio de comunicação de massa e individual, a antiga linguagem da rádio está
a ser adotada pelos integrantes do novo meio. Portanto, a linguagem da rádio
está a ser mantida enquanto as novas tecnologias vão sendo postas ao seu
serviço. Esta linguagem “sonora” desenvolvida evoluiu em função da utilização
de diferentes dispositivos que permitiram a sua criação.
Muitos investigadores estiveram envolvidos na descoberta da
comunicação por ondas eletromagnéticas ao longo do século XIX. Oersted, Ampere,
Faraday, Maxwell e Hertz lançam as bases sobre as quais assenta esta forma de comunicação.
Mais tarde, Branly, Lodge e Popov realizaram as suas investigações, embora
fosse Marconi quem ficaria com a patente para a radiocomunicação.
Édouard Branly, professor
do Instituto Católico de Paris, em 1890, inventou o coesor, inovador na história da tecnologia da rádio. O coesor era
um tubo de material isolante (geralmente vidro ou ebonite), contendo limalha
metálica no seu interior e com um elétrodo (borne) em cada extremidade.
Figura 1
coesor
Era utilizado como detetor de
sinais nos primórdios do rádio, sinais estes que, na época, eram produzidos por
geradores de centelhas (faiscadores,"Spark Gaps") chamados
"Bobinas de Ruhmkorff ou de Tesla”, acoplados a um dispositivo contendo
duas esferas metálicas ocas, o "Ressoador de Hertz".
Figura 2 Esquema de coesor
Oliver Lodge melhorou o detetor coesor de ondas de rádio de
Édouard Branly, acrescentando um "vibrador" que deslocava a limalha
acumulada, restaurando assim a sensibilidade do aparelho.
Figura 3
coesor com vibrador
O recetor de rádio inventado por Popov foi exposto numa
reunião do Departamento de Física da Sociedade Físico-Química Russa, no dia 7
de maio de 1895, enquanto o cientista italiano Guglielmo Marconi reivindicou a
sua invenção apenas a 2 de junho de 1896.
Figura 4 Popov
Figura 5 Guglielmo Marconi
A amplificação do sinal ocorrerá graças ao “Diodo” de
Ambrose Fleming.
Figura 6 “Diodo” de
Ambrose Fleming
Ambrose Fleming pesquisou sobre válvulas termiónicas e
inventou um díodo detetor para sinais de radiofrequência, o primeiro detetor
eletrónico das ondas de rádio (1904), base para a invenção e melhoramento do
primeiro equipamento de rádio utilizando dispositivos termiónicos.
Figura 6 Díodo
O "Audion" de Lee de Forest em 1906 permitiu
estender a cobertura e melhorar a transmissão das ondas de rádio. Era um tubo
de vácuo de amplificação ou deteção eletrónica. Foi o primeiro tríodo,
consistindo de um tubo de vidro evacuado contendo três elétrodos: um filamento
aquecido, uma grade e uma placa. Foi o primeiro dispositivo eletrónico
amplamente utilizado que podia amplificar o som.
Figura 7
"Audion"
E será Fessenden quem fará a voz ser ouvida. Desenvolveu a
ideia de sobrepor um sinal elétrico, oscilando nas frequências das ondas
sonoras, sobre uma onda de rádio de frequência constante, de modo a modular a
amplitude da onda de rádio na forma da onda sonora. (Este é o princípio de modulação
de amplitude, ou AM.) O recetor dessa onda combinada separaria o sinal de
modulação da onda portadora e reproduzia o som para o ouvinte. Em 23 de
dezembro de 1900, na Ilha Cobb no Rio Potomac em Maryland, Fessenden conseguiu
transmitir uma mensagem de voz breve e inteligível entre duas estações
localizadas a cerca de 1 milha uma da outra.
Figura 8
Circuito recetor de rádio heteródino de Fessenden
Também em 1906 chega o recetor de rádio de cristal Dunwoody
que será aperfeiçoado por Pickard com o detetor de silicone. (Díaz: 1990, p.
25)
Figura 9
recetor de rádio de cristal
É o tempo em que a rádio é dos cientistas e engenheiros.
Logo os novos meios, mais baratos, mais rápidos e eficientes do que os usados
até então, atraíram a atenção de governos, empresários, banqueiros e até
religiosos. Porém, também em outros setores menos abastados cresce um interesse
especial e começam a ser criadas associações de rádios amadores que iniciam a
fabricação de pequenos recetores e, em algumas ocasiões, também de grandes e
caros transmissores. Graças a todos eles, a rádio espalhou-se pelo mundo.
Naqueles primeiros anos, a escuta é individualizada, pois
era necessário usar fones de ouvido para ouvir as transmissões através daqueles
recetores Galena que sintonizavam o sinal e eram alimentados por baterias. No
final da década de 20 foram alcançadas importantes melhorias, fazendo com que
os aparelhos - mais baratos também - pudessem ser ouvidos por meio de
alto-falantes, fossem conectados à rede elétrica e o sistema de sintonia fosse
simplificado para apenas um sintonizador. Essas modificações são elementos que
permitem aumentar drasticamente o número de ouvintes, uma vez que a rádio
poderia ser ouvida por mais de uma pessoa, tornando-se um dos elementos mais
importantes da casa.
Na década de 1930, foram feitas melhorias nas instalações. A
separação da área de emissão e os estúdios permitiram que as antenas ficassem
em locais mais adequados para a emissão (principalmente em locais mais altos),
melhorando a transmissão a uma distância maior. No final daquela década, a
rádio saiu dos estúdios e passou a programa de rádio. Por outro lado, o diálogo
multiplex – informativo - é introduzido por meio de múltiplas conexões entre
correspondentes e a emissora. Eventos como a Crise de Munique tornarão esse
procedimento comum, aumentando ainda mais o dinamismo e a velocidade de
informação do meio. Como parte das melhorias deste palco, a montagem sonora é
adicionada, o resultado da gravação elétrica, a mesa de mixagem, o
aprimoramento dos microfones e o uso de efeitos sonoros.
Figura 10
Chamberlain na crise do acordp de Munique
A possibilidade de gravar sons de maior qualidade com o
aparecimento do disco macio e a difusão do disco elétrico permite ultrapassar a
realização total em direto. Até então, as mixagens eram feitas na frente de um
único microfone, e qualquer intervenção simultânea dificultava especialmente a
qualidade do produto. Em seguida, a pré-produção de programas ou partes deles
começa a ser transmitida posteriormente. Graças a estas novidades, consegue-se
um maior aperfeiçoamento técnico e complexidade, o que conduzirá à época áurea
da criação da “imagem sonora” a partir de estímulos acústicos.
Ler obras literárias ou a
atuação de músicos em estúdio já não é suficiente. Agora, são transmitidos shows
e variedades ou peças, e surgem pesquisadores e criadores (Bertolt Brecht,
Orson Welles, Heinrich Boll ou Friedrich Durremat) a moldar o que hoje pode ser
entendido como linguagem de rádio.
Figura 11
Bertold Brecht
Figura 12 Orson Welles
Escrevem-se obras especialmente adaptadas ao meio, criando a
"Rádio Literatura", na qual o teatro e o romance ocupam um lugar
muito importante por várias décadas. Ainda que infelizmente para alguns, desde
os anos setenta essa "Literatura" foi gradualmente desaparecendo da
programação até à sua quase total extinção.
Figura 13 Heinrich Boll
Figura 14
Friedrich Durremat
Mas esses anos trinta são "a era de ouro da
rádio": o momento de máximo desenvolvimento da sua linguagem a partir de
todos os elementos técnicos inventados até àquele momento. Na década seguinte,
surgiu o “gravador”, aumentando ainda mais o avanço da “montagem” e da
“linguagem sonora” e, sobretudo, permitindo a montagem linear fragmentada,
economizando tempo e esforço na realização.
Figura 15
gravador de fio
Figura 16
gravador de fita
Já assisti a mudanças significativas da rádio desde a
primeira vez que entrei num estúdio nos anos 40. De uma atividade em que quase
toda a gente trabalhava sem qualquer remuneração até ao grande negócio dos
nossos dias a movimentar milhões de dólares (o volume anual de negócios da
rádio ultrapassa, anualmente, os 22 mil milhões de dólares) , tudo passou pela
minha vida na rádio.
Algumas das mais recentes inovações incluíram o CD, o uso do
computador, a automatização das emissões. Novas tecnologias despontaram e foram
transformando este ramo de atividade.
Nas primeiras emissões a que assisti, feitas pelo meu pai,
vi-o carregado de discos de 78 rpm e com uma caixa de agulhas que ele ia substituindo à medida
que mudava de disco. Embora ainda tenha trabalhado com alguns discos de 78 rpm,
já entrei na rádio em plena era do vinil e da microgravação. Cresci a ouvir
Júlio Silva, nos anos 50, a fazer na Ideal Rádio o seu programa A microgravação
em marcha, em que apresentava os primeiros discos de 33 e de 45 rpm a surgirem
no mercado.A qualidade do som é notavelmente desenvolvida. Altera o método de
trabalho e toda a organização da estação, pois cada estúdio pode ter a sua
própria unidade de gravação e reprodução, dando assim a cada programa mais
opções criativas. Tal evolução exige o surgimento de novos departamentos, como
os de cópia, trânsito de materiais e até a criação de outros centros de
produção independentes da estação.
Figura 17
LP - longa duração
Como se não bastasse, surge o microgroove Meter Goldmark, ou
seja, a microgravação com os discos EP e LP, que melhora tanto em qualidade
quanto em duração em relação aos discos anteriores. O gravador e o microgroove
fornecem maior controle sobre o tempo do programa. Agilidade, novo ritmo e
menos seriedade acompanham a rádio. Isso torna-se evidente nos últimos anos com
o desenvolvimento de uma nova programação e, portanto, com o desenvolvimento da
“linguagem sonora” e também da “rádio”. A rádio industrializa-se e mantém a sua
estrutura quase até os dias de hoje, em que o surgimento do sistema digital
trouxe novas mudanças técnicas, humanas e de linguagem.
Figura 18
FM
Os anos cinquenta são a altura de melhorar a qualidade do
som. O FM reaparece e em seu suporte surgem outras novidades: transístor, Hi-Fi
(alta fidelidade) e St (estéreo). Especialmente adequado para rádios locais, o
Frequency Modulated é implementado de forma desigual em todo o mundo nas duas
décadas seguintes.
O transístor cria uma revolução tecnológica ao miniaturizar
equipamentos transmissores e recetores, baixando custos e renovando a sua qualidade,
tornando a rádio ainda mais popular e, com aparelhos portáteis, saindo de salas
para ir a qualquer lugar da casa, ou fora dela, até serem introduzidos nos
automóveis. Enquanto o Hi-Fi aumentava a qualidade do som especialmente em FM,
o estéreo permitia que os criadores de rádios emulassem a sensação de espaço,
não só a profundidade, mas também o movimento.
Outro instrumento facilitador da mobilidade da rádio foi o
minigravador de cassette. Nos anos 60, o repórter libertou-se de fios e de
operadores.
Figura 20
Gravador de cassetes Philips
Na década de oitenta, a rádio atingiu a sua maturidade tanto
no campo tecnológico quanto na comunicação. A sua linguagem foi definida:
palavra, música, efeitos sonoros, silêncio, controle de tempo e espaço,
gerenciamento de ritmo. A recriação da realidade está em condições de atingir o
grau máximo de verossimilhança e, apesar de tudo, os espaços destinados a
evocar as imagens sonoras praticamente desaparecem da rádio.
A privatização da rádio abre caminho às rádios temáticas,
seguindo o exemplo americano. A informação, desde o início da rádio,
protagonista por excelência, tem, em Portugal, uma rádio “só notícias”, a TSF.
A Onda Media esvai-se no tempo. A fórmula da rádio musical é o outro grande
protagonista da Frequência Modulada. Mas nas ondas da rádio quem manda é a
publicidade, sem ela não há subsistência (exceto as estatais, claro). Por isso
as rádios locais têm uma sobrevivência problemática o que tem levado muitas à
desistência e venda a empresas centralizadas em Lisboa.
Figura 21
Centralização
Desde esses anos e até ao final do século 20, parece que a
rádio estagna e até perde ouvintes.
Além disso, desde a década de 1950 outro meio - a televisão –
impõe a sua tecnologia, linguagem, programas, produtores, e conquista o
público. Não há escolha a não ser renovar ou morrer! Mais uma vez, há que
alterar e melhorar os recursos técnicos. Desponta a digitalização.
Muita gente desconhece, ou esquece, que o sistema binário
foi criado por Leibnitz criou em 1679.
Esteve ali a origem digital de que hoje desfrutamos em várias
atividades. Com a introdução da tecnologia da informação na indústria
audiovisual, ocorreu a última revolução tecnológica do século 20: a
digitalização. A digitalização do som conduziu a um novo desenvolvimento no
campo dos sistemas de gravação, processamento e reprodução, juntamente com os
sistemas de transmissão. É possível resolver, tratar e simplificar muito
trabalho dos procedimentos técnicos anteriores como o gravador, a mesa de
mixagem e até mesmo os processadores e geradores de sinais. Isso levou ao
desaparecimento quase total dos estúdios de rádio. Isto é, os estúdios onde
trabalhei durante décadas desapareceram para dar lugar a auto-operados de
várias opções. Foram substituídos pelo computador e seus recursos para edição e
processamento de sinais sonoros. Assim, a edição de som hoje eliminou
totalmente uma rotina de trabalho, como a edição em fita magnética,
simplificando-a de tal forma que algumas funções tradicionalmente desempenhadas
por operadores de som agora podem ser realizadas diretamente por jornalistas e
outros profissionais. O CD que substituiu o vinil, está agora a ser trocado
pelo disco rígido.
A dimensão da estação e respetivo quadro de pessoal vai
sendo reduzido. Surgem profissionais
multifunções, capazes de desempenhar diversos trabalhos, todos eles relacionados
com o domínio do som, da informação ou da criação. Novas técnicas agora
retiradas da televisão ou do cinema, como a pós-produção de som, são utilizadas
na rádio, melhorando a qualidade dos seus programas graças à facilidade de
montagem não linear que os computadores permitem. Mais uma vez, a técnica de
execução pode ser variada e o ritmo é melhor administrado. O áudio pode ser
manipulado criando novas soluções sonoras. Com isso, a agilidade e o controle
da mensagem são recuperados.
Os computadores estão, portanto, a tornar a rádio mais ágil,
dinâmica e versátil. Permitem a automação da transmissão por longos períodos de
tempo e com alta qualidade. Possibilitam o armazenamento e organização dos
ficheiros de som em menos espaço e, consequentemente, o seu acesso é mais
rápido e eficiente (a peça sonora pode vir por rede telemática do próprio
produtor ou terminal do programador). E, claro, o acesso à informação é quase
instantâneo, tanto na preparação do programa quanto na transmissão.
Mas não só a revolução digital ocorreu no campo das baixas
frequências (estúdio de som): também na parte da radiodifusão (alta frequência)
a revolução digital está a começar (tropeções, zig-zags, correções e…
desistências).
Quem, como eu, trabalhou com fitas magnéticas, lamenta não
ter disposto das ferramentas atuais para ter tido a vida mais facilitada.
A verdade é que a rádio tem acompanhado as evoluções tecnológicas. O
multiplex[1], a miniaturização dos recetores,
a diversificação das fontes de energia, a modulação de frequência e a melhoria
substancial do conforto de escuta. A atualização tecnológica transformou a
rádio num meio de grande mobilidade, de maior proximidade do ouvinte e de maior
economia para o consumidor. O transístor foi uma invenção determinante para
isso.
O equipamento digital dos estúdios, o som estereofónico e o Radio Data System, RDS, transforma a
escuta radiofónica dos anos 90.
A RDP participou nos grupos
técnicos da UER, encarregados da definição e do desenvolvimento do RDS,
tornando-se assim uma das primeiras estações europeias a introduzi-lo nas suas
redes de emissores (em setembro de 1988 na ANTENA 1).
Na minha tese de doutoramento, no ano 2000, afirmava
“Dentro do crescimento em importância da rádio, não custa prever que,
com o advento do Digital Audio Broadcasting (DAB), se venha a verificar nos
próximos 10 a 15 anos um deslocamento da audiência do FM para o DAB, à
semelhança do que ocorreu ao longo da década de 70 com a preferência
progressiva do FM em relação à AM.”
A primeira referência sobre o estudo da possibilidade de
emissões digitais localiza-se no Reino Unido. Em meados dos anos 70, o gabinete
de pesquisa de engenharia da BBC desencadeou uma investigação sobre a
possibilidade de digitalização da rádio através de um sinal NICAM stereo. Já aí
foi constatado que a receção por meio de uma antena direcional em postos fixos
era relativamente boa. O problema residia nas interferências que afetavam o
sinal digital quando o recetor se deslocava de automóvel. A conclusão a que os
engenheiros chegaram foi que um tão "simples" sinal digital como o do
sistema NICAM, só podia ser usado em relação a recetores fixos dotados de
antenas direcionais (como é o caso do som NICAM TV).
A rádio digital surge
nos Estados Unidos em 1 de agosto de 1986. Foi a emissora WGBH-FM de Boston
que, naquela data, começou a emitir a programação em formato PCM (Pulse Code Modulation) utilizando como
portadorauma frequência de televisão da estação WGBX-TV da mesma rede e em
simultâneo com as emissões analógicas de rádio. Embora naquele momento não
tivesse consciência do grande passo que estava a ser dado, aquele formato foi
utilizado durante anos para codificar digitalmente a banda sonora dos sinais de
televisão. Ficou logo aqui patente o grande defeito dos sistemas digitais desenvolvidos
nos anos oitenta: ocupavam um espaço excessivo num espectro radioelétrico já
saturado
Em 1 de agosto de 1986, o primeiro experimento de
transmissão de rádio digital foi realizado por uma estação de rádio e
televisão. A partir desse momento, entra em cena o DAR (Digital Audio Radio),
também conhecido como radiodifusão digital ou DAB. (Pohlmann: 2002). As
primeiras transmissões digitais na Espanha começaram em abril de 1998 em
Madrid, Barcelona e Valência. Atualmente existem serviços no País Basco,
Catalunha e Galiza. A rádio digital transmite um sinal de rádio AM ou FM em
formato digital, o que evita problemas de interferência e permite uma qualidade
comparável ao disco compacto (CD). Além do áudio, essa forma de transmissão
possibilita a inclusão de outros dados auxiliares como gráficos, texto e vídeo.
O DAB, por seu turno, começou a ser desenvolvido sobretudo, em França, pelo Centre Commun d’Études de
Télédiffusion et Télécommunications (CCETT) e, na Alemanha, no Institut
für Rundfunktechnik (IRT) no ano de 1981. Após a reunião interministerial de
Estocolmo, em 1986.
O marco seguinte situa-se por alturas da realização da WARC
(World Administrative Radio Conference),
em 1988. Por iniciativa da UER teve lugar a primeira demonstração do DAB para
equipamentos recetores móveis.
1989 conhece, de novo em Genebra, uma outra experiência de
emissão e receção de DAB, por alturas do First
World Electronic Media Symposium ITU-COM (89).
Os anos de 1993 e 94 refletiram nos radiodifusores e nos
fabricantes de equipamento o pessimismo gerado pela crise económica que se
tinha instalado no início da década de 90 (aliado ao facto de a Alemanha ter
tido de fazer face à grande prioridade da reunificação do país).
O 10º Meeting of WorldDAB (Module 3) tinha lugar
em Genebra, a 9 de junho de 1998, sendo aproveitado para a
realização de demonstrações públicas de DAB. O mesmo aconteceu em Lisboa por
ocasião da Expo98.
Desde o início desta corrida, instalou-se um processo de
rejeição, reforçado pelos Estados Unidos não aceitarem a solução europeia. Os principais
fabricantes de dispositivos não chegaram a acordo sobre os tipos de
descodificadores, e os radiodifusores privados viam os seus interesses serem
afetados com as alterações que o DAB implicava.
Na verdade, a rádio digitalizada que passa ao lado de toda
esta polémica, muito mais barata em custos de produção, estrutura comercial e
que também tem milhões de ouvintes em potencial está na Internet.
Consultei o site https://www.internetworldstats.com/news.htm#radiotv.
Tomei consciência da grandeza da situação. Assim, a TuneIn
fornece aos ouvintes acesso a mais de 100.000 estações de rádio reais e mais de
quatro milhões de podcasts em streaming de todos os continentes.
O Streema é um sintonizador de rádio online gratuito. Dá
para ouvir mais de 70.000 estações de rádio e assistir a mais de 10.000
estações de TV.
A https://www.radioguide.fm/, fornece links para estações de
rádio da Internet de todo o mundo.
A https://www.accuradio.com/ disponibiliza mais de mil
estações de rádio grátis na Internet.
Esta realidade não passou pelo imaginário de quem, como eu,
lidou sempre com limites de espaço, de tempo e de meios tecnológicos.
[1] Multiplex é a combinação num bloco de frequências de vários serviços
de programas e até de serviços auxiliares.
Muito bom. Um grande agradecimento a um grande homem da rádio (assim como foi o seu pai, pessoa com quem ainda trabalhei na década de 1980).
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